Exposição "A essência da cultura na Independência de Timor-Leste" celebra a independência do país na Câmara Legislativa do DF
- Wiliam e o Mundo
- 23 de mai.
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A cultura vibrante de Timor-Leste aterrissou na Câmara Legislativa do Distrito Federal nesta semana com uma exposição especial, organizada pela Embaixada do país, em comemoração à sua Data Nacional. O destaque da mostra foi o Tais, o tradicional tecido timorense, que encantou os visitantes com suas cores e intrincados padrões.
A exposição, ofereceu um mergulho na rica tapeçaria cultural de Timor-Leste, nação que celebra sua independência. O Tais, em particular, é mais do que um simples tecido; ele é um símbolo da identidade timorense, presente em cerimônias, rituais e no dia a dia da população. Cada peça conta uma história, tecida com técnicas passadas de geração em geração, e reflete a diversidade cultural das diferentes regiões do país.
É importante lembrar que Timor-Leste proclamou sua independência em 28 de novembro de 1975, após séculos de colonização portuguesa. No entanto, a nação foi invadida e anexada pela Indonésia logo em seguida. Uma longa e difícil luta por autodeterminação se seguiu, culminando em um referendo em 30 de agosto de 1999, no qual a população votou massivamente pela independência. Após um período de administração transitória das Nações Unidas (UNTAET), a soberania de Timor-Leste foi formalmente restaurada e reconhecida internacionalmente em 20 de maio de 2002, um marco histórico que o país celebra anualmente como o Dia da Restauração da Independência.
Em discurso, a Embaixadora de Timor-Leste no Brasil, Sra. Maria Ângela Carrascalão destacou a evolução do país e a conquista da adesão à ASEAN, a Associação dos Países do Sudeste Asiático.
Leia o discurso completo da Embaixadora de Timor-Leste sobre a Data Nacional do país:
Cumprimento as distintas personalidades presentes
Timor-Leste celebra hoje o seu Dia Nacional, Dia da Restauração da independência.
Somos o primeiro Estado deste terceiro milênio e temos a particularidade de assinalar duas datas fundamentais da nossa História. O dia da Proclamação da independência acontecida em 28 de novembro de 1975 e o dia da Restauração em 20 de maio de 2002, quando a República Democrática de Timor-Leste ascendeu à independência com reconhecimento da comunidade internacional.
Apresentando um breve retrato do meu país, cabe-me dizer que somos depositários de uma identidade própria, que se foi implantando em simultaneidade com a compreensão de uma realidade cultural própria, diferente, que fez de nós uma Nação da qual nasceu o Estado de Timor-Leste; Somos uma Nação que se foi paulatinamente construindo desde que os missionários portugueses aportaram a Lifau em 1515, na ponta oeste da ilha de Timor e nos deixaram como legado a convivência entre duas civilizações distintas que marcou definitivamente o nosso destino; Timor, assim denominada no tempo de colonização portuguesa, acrescentou à cultura ancestral novos valores que se foram enraizando como traços de uma identidade criadora do nacionalismo timorense, alicerçado no sentimento de unidade nacional que o nosso Presidente da República e Prêmio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, tem sublinhado amiúde.
Vivemos em paz. A este propósito, cito o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, na sua visita ao país, em 2024, ao constatar que Timor-Leste é "uma nação em paz e em harmonia com os seus vizinhos... uma democracia consolidada, fundamentada no respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais".
Timor-Leste, "Estado de direito democrático, soberano, independente" como afirma a Constituição timorense, insere-se na família das modernas democracias constitucionais em que sobressaem, entre outros pontos, o relacionamento em pé de igualdade com os demais Estados membros da comunidade internacional. Nesse sentido, se manifesta o posicionamento no mundo de Timor-Leste, da sua evidente abertura ao mundo e ao relacionamento com os outros povos e Estados e a um significativo entrosamento da atuação do Estado com os princípios jurídicos fundamentais que regem a vida internacional.
Neste contexto, interessa referir a importância da integração de Timor-Leste na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a CPLP, organização a que aderimos no dia da Restauração da Independência em 2002 e à qual pertencemos unidos por laços culturais históricos comuns e imbuídos do sentimento de pertença a uma comunidade singular e única comprovando que, não obstante estarmos espalhados por diferentes continentes, é muito mais o que nos une do que o que nos separa.
Por outro lado, Timor-Leste está inserido geograficamente no Sudeste Asiático e constitui a prova da diversidade cultural da imensa Ásia. Aliando ainda ao fato da relevância de os Estados se organizarem de acordo com interesses comuns para melhor enfrentar os desafios socioeconômicos que o mundo coloca, salientamos a importância da nossa adesão em tempo apropriado à ASEAN, Associação dos Países do Sudeste Asiático.
No que respeita ao Brasil, as nossas relações diplomáticas remontam a 2002, ano da nossa independência. São profundos os laços culturais que nos unem pelo passado histórico comum e pelo uso da mesma língua. A nossa cooperação com o Brasil abrange diversas áreas, como, por exemplo, a Educação, a Defesa e a Segurança, a Cultura e a Economia. Nos vários Estados, temos estudantes timorenses os quais não beneficiam apenas do conhecimento que lhes é transmitido como também usufruem de maior aprofundamento da língua portuguesa. A cooperação é vasta e profícua, mas temos como objetivo o seu alargamento em outras áreas, nomeadamente, a agricultura, a saúde ou a investigação.
No contexto da proximidade que a cultura permite, é incontornável referir o diplomata de nacionalidade brasileira Sérgio Vieira de Melo que, em representação do Secretário-Geral das Nações Unidas, administrou o território timorense no período de transição para a independência, com a responsabilidade de estabelecer a administração civil efetiva, incluindo a execução da autoridade legislativa, executiva e judicial.
Em nome da Embaixada de Timor-Leste, presto homenagem a Sérgio Vieira de Mello cujo nome e ação ficarão na História da independência de Timor-Leste. Não poderíamos deixar de referir a importância do Tais, tecido tradicional, elaborado em teares de madeira, por mulheres que, pacientemente o vão tecendo. A Exposição que hoje vos apresentamos reflete justamente a essência da cultura na nossa independência. Hoje trazemos os tais das treze regiões administrativas de Timor-Leste.
Finalmente, como bem disse o nosso Presidente da República José Ramos Horta no discurso proferido hoje em Díli: "Timor-Leste é uma democracia jovem, imperfeita e vibrante - um oásis de paz, tolerância e liberdade, uma luz brilhante de democracia e tranquilidade neste mundo turbulento. Somos uma sociedade multicultural, multirreligiosa, multilíngue e multiétnica. Estamos comprometidos com a nossa diversidade e pluralidade política. Somos uma sociedade aberta ao mundo, tolerante e livre de ódio."
Agradeço a vossa presença.
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